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QUANDO NÃO FALAMOS A LÍNGUA DA CRIANÇA
Por Fabíola Fernanda Patrocínio Alves
Depois de ler alguns textos de Walter Kohan (filósofo que discute nossas relações com a infância) venho me ocupando de algumas reflexões. O que temos feito com as crianças na escola? Será se estamos conseguindo utilizar a língua delas ou estamos exigindo que elas falem a nossa língua?
Talvez, antes de tudo, precisemos saber qual é a língua falada pelas crianças que se apresentam a nós. Isso só será possível se estivermos disponíveis para escutá-las. Um movimento nessa direção nos mostrará que elas falam línguas muito distintas, a partir do contexto em que suas histórias de vida foram e são escritas.
Se não dermos conta de aprender a língua das crianças, as trataremos como estrangeiras na escola, impedindo que elas se expressem e sejam compreendidas. O que resulta disso? Práticas de normalização e exclusão. Na verdade, não é isso que a escola tem feito diante da criança estrangeira que fala uma língua outra que não é a da escola?
Talvez esteja faltando em nossas práticas docentes, enxergarmos a infância em sua novidade e absoluta heterogeneidade. Daí, podemos ser capazes de acolher a criança diferente, que coloca em xeque o que sabemos, esperamos ou desejamos.