Por Fabíola Fernanda Patrocínio Alves
Em minha experiência na área de Psicologia e Educação, atendi muitas mães e pais que compartilharam seus dramas ao descobrirem que teriam um bebê com deficiência. Trata-se de uma experiência dolorosa e sombria que produz deslocamentos subjetivos, convocando a família a um trabalho para ressignificação de sonhos e expectativas frustradas. Contudo, muitas famílias dizem que vão encontrando uma “luz no fim do túnel” e começam a mobilizar recursos, principalmente, afetivos, para investimento neste bebê.
Embora estas famílias sejam atravessadas pelo discurso médico, psicológico, pedagógico e tantos outros, que ainda atuam em perspectivas normalizadoras, elas precisam descobrir que estas crianças, cujas vidas são marcadas pela deficiência, não estão condenadas. São crianças que, como todas as outras, têm suas potencialidades e devem ter respeitado seu direito ao, brincar, a uma escola de qualidade e a uma infância digna.
Como vivemos em uma sociedade baseada em estereótipos, estas crianças começam a enfrentar, desde muito cedo, experiências de rejeição. Portanto, creio que uma das maiores contribuições da família não é negar a deficiência e nem supervalorizá-la (o que pode culminar na vitimização), mas auxiliar as crianças a empreender suas insurreições, a fim de atravessarem a sombra da exclusão e afirmarem suas vidas.